- Área: 913 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Luke Hayes
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Fabricantes: Bolidt, ODICO, Reier
É uma particular coincidência que se começasse a desenhar a Galeria da Matemática, do Museu da Ciência, no bicentenário do nascimento de Ada Lovelace, uma mulher pioneira na história da computação e a da 'ciência poética'. Sua influência inspiradora em nossa aproximação ao desenho do projeto, desde o início até o final, não pode ser deixada de lado. Assim como suas notas revelaram o mundo abstrato do motor analítico para as gerações posteriores, se espera que o desenho da Galeria complemente as ambições de comprometer e inspirar as gerações futuras com os aspectos instintivos e físicos da matemática. As coleções, como as abrigadas no Museu da Ciência em Londres, são instrumentos fundamentais para permitir que a mente humana explore as dimensões da inovação. O novo grupo de objetos expostos na Galeria encontra-se meticulosamente apresentado para narrar os momentos, aparentemente cotidianos, da inovação concebida pela matemática.
Nosso projeto para a Galeria responde a ambição de David Rooney e sua equipe em apresentar a matemática não como um conceito acadêmico, mas como uma prática que influencia na tecnologia e permite que o entorno que nos rodeia se transforme. A matemática e suas capacidades sempre cumpriram um papel central na evolução da compreensão humana da natureza e do mundo construído: por exemplo, os métodos de Isaac Newton para derivar as leis da gravidade, a extensão de Henri Poincaré das geometrias cartesianas ao sistema planetário e o uso das técnicas matemáticas, por parte de Lord Kelvin, para prever a maré.
A matemática constitui em uma das pedras fundamentais na informática e nos métodos científicos da pesquisa na prática arquitetônica. A disciplina influenciou nas figuras e formas da arquitetura - morfologia - e suas origens, baseando-se nos princípios estruturais sólidos. A melhora no rendimento do desenho em relação ao entorno construído, sua fabricação e, na última instância, a cômoda navegação das pessoas dentro destes entornos, são alguns exemplos disso.
Com o histórico uso dos métodos geométricos, a fim de abordar a morfologia, os arquitetos contribuem com este esforço colaborativo de proporcionar uma informação que suporte as complexas necessidades dos seres humanos dentro de um entorno construído. Uma complexa parte do nosso próprio trabalho surge da nossa atenção pela lógica matemática e pela geometria no conjunto com os avanços na tecnologia do desenho, que nos permitem repensar a forma e o espaço. As superfícies e estruturas de cada projeto gerado são definidas pelas inovações científicas. Nosso desenho para a Galeria da Matemática se enquadra dentro este esforço.
O exitoso voo do avião Handley Page, no concurso Guggenheim de 1929, com suas curtas distâncias de decolagem e aterrizagem, representa um momento triunfal na acessibilidade da aviação entre os homens e mulheres. A organização espacial da Galeria propõe uma ênfase central neste importante produto da aviação britânica - e na capacidade da transformação da matemática e da ciência - inspirando-se em um dos elementos chave do voo do avião e dos conceitos de aerodinâmica que estão incorporados nele.
Enquanto a lógica matemática e a geometria podem proporcionar um modelo intuitivo para entender o mundo natural, as ferramentas computacionais nos permitem examinar cenários através de uma compreensão matizada dos mecanismos da natureza. Utilizando os princípios de um foco matemático conhecido como a dinâmica de fluídos por computador, que atua como guia organizativo, o desenho da Galeria permite que as linhas virtuais dos fluxos de ar se manifestem fisicamente. O posicionamento dos mais de 100 objetos históricos e a produção dos bancos em forma de arco, a partir de uma fabricação robótica, encarnam o espírito matemático. Na Galeria Winton, a experiência espacial resultante destes componentes permite aos visitantes observar algumas das formas reais e perceptíveis em que a matemática toca nossas vidas.